O governo do Distrito Federal exonerou nesta quinta-feira o filho da ex-ministra Erenice Guerra, Israel Dourado Guerra, do cargo comissionado que tinha na Terracap (Companhia Imobiliária do Distrito Federal).
Em nota, o governador Rogério Rosso (PMDB) também determinou a suspensão de pagamento do que ele tinha a receber.
A Corregedoria do DF fará ainda um procedimento administrativo para apurar eventuais irregularidades de Israel na sua função.
O governo mandou a Novacap (Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) exonerar o irmão de Erenice, José Euricélio Alves de Carvalho.
DEMISSÃO
Depois de se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a ministra Erenice Guerra (Casa Civil) entregou o cargo. A situação dela se tornou insustentável no governo com a publicação de reportagem na edição desta quinta-feira da Folha que aponta lobby feito por seu filho dentro da Casa Civil.
Uma empresa de Campinas confirma que um lobby na Casa Civil e acusa Israel Guerra de cobrar dinheiro para obter liberação de empréstimo no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
No lugar da Erenice assume Carlos Eduardo Esteves Lima, secretário-executivo. Ele ficará interinamente no cargo de ministro. O presidente deve decidir o substituto até a próxima semana.
Lula disse que quem trabalha no governo não pode errar, em referência a Erenice.
"Quando a gente está na máquina pública, não tem o direito de errar", disse. "E se errar, a gente tem de pagar". A declaração foi dada ao Portal iG, momentos antes de receber de Erenice a carta de demissão.
Além da empresa de Campinas, Erenice também teria atuado, segundo reportagem publicada na revista "Veja", para viabilizar negócios nos Correios intermediados por uma empresa de consultoria de propriedade de Israel.
Em sua carta de demissão, Erenice afirma que precisa de "paz e tempo" para se defender das acusações de lobby. A carta foi lida pelo porta-voz da Presidência da República, Marcelo Baumbach.
Por enquanto, o cargo será ocupado interinamente pelo secretário-executivo da pasta, Carlos Eduardo Esteves Lima.
O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, passou a ser cogitado para a função, pela desenvoltura política demonstrada ao longo do governo. Ele entrou em férias esta semana para se dedicar à campanha eleitoral no Paraná.
A Folha apurou que a coordenadora-geral do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), Miriam Belchior, cotada para o lugar de Erenice, perdeu força nas últimas horas porque ela está com receio de assumir o cargo e virar alvo da imprensa.
Miriam não foi chamada para conversar com o presidente, apesar de ter sido avisada da possibilidade de virar ministra. Ela, porém, está reticente em aceitar.
Lima foi indicado por Erenice para a secretaria-executiva do ministério. No período em que Dilma Rousseff esteve no comando da Casa Civil, ele era subchefe-adjunto de Análise e Acompanhamento de Políticas Governamentais. Funcionário de carreira, foi interventor da Previ (fundo de previdência privada dos funcionários do Banco do Brasil) e inventariante da LBA no governo Fernando Henrique Cardoso.
Folha Online