Para muitos, mais do que a Croácia, o maior adversário do Brasil seria a pressão da estreia na Copa. Assumindo essa visão como verdadeira, o pior cenário possível se materializou perto dos 10 minutos de jogo, num gol contra para a Croácia marcado por Marcelo. Seria muito fácil o time se esfacelar psicologicamente e ver o jogo e a classificação se complicarem. Mas não foi o que aconteceu.
Na verdade, o Brasil melhorou depois de levar o gol, com Neymar e Oscar chamando o jogo e levando o time à frente. Manteve a posse de bola – chegou a 68% em certo momento da primeira etapa – e empatou com Neymar, num chute que saiu meio fraco, mas com direção perfeita no canto esquerdo do goleiro croata. A virada veio num pênalti duvidoso sofrido por Fred, que Neymar converteu sem piscar. Mais uma prova de bom preparo mental. No segundo tempo, Oscar se destacou, criando as melhores jogadas da seleção pelo lado direito e marcando o terceiro numa arrancada individual – novo chute preciso, de bico, agora no canto direito do goleiro.
Taticamente, chamou a atenção uma aparente recusa da seleção em utilizar a marcação pressão, que foi a grande arma durante a Copa das Confederações no ano passado. Em vez disso, frente a uma Croácia bastante fechada, o time preferiu tocar a bola e esperar, mas sem eficiência.
Essa opção ajudou a deixar o começo do jogo mais croata, com só adversários levando perigo em contra-ataques até o gol. A maioria deles foi pelo lado direito da defesa tupiniquim, num buraco que Daniel Alves deixou constantemente às suas costas. O jogador do Barcelona precisa estar mais atento, ou verá crescer a sombra de Maicon, mais consistente na defesa.Também na zaga, destaque para David Luiz, que salvou várias jogadas e mostrou serviço. Negativamente, o goleiro Júlio César garantiu alguns sustos aos torcedores.
Aliás, quem também mereceu nota positiva foi a torcida, que desta vez optou por, bem, torcer. Mesmo quando a Croácia esteve à frente, vaias comuns em amistosos não foram ouvidas na Arena Corinthians.
No fim, um saldo muito positivo, com o retorno de Oscar às boas atuações, Neymar decisivo e a “oportunidade” de se enfrentar uma situação desfavorável e se livrar dela. Ajustes ainda são necessários, como a volta da pressão na saída de bola e a marcação das laterais. Mas o time sai mais forte dos 3 x 1 sobre a Croácia.