A capital do Pará, a minha, a sua, a nossa querida Belém completou 395 anos de fundação no dia 12 passado. Todos os paraenses, mesmo os que não moram aqui, se lembraram da data, porque os canais de comunicação hoje são instantâneos e percorrem o mundo em segundos. Então, talvez esse aniversário tenha sido o mais comentado de todos. Belém está a cinco anos do seu 4º. centenário e de se firmar no roteiro das cidades históricas do Brasil. A capital do Pará merece.
Entre as capitais da região Norte, Belém é a mais elogiada, lembrada em verso e prosa por nossos melhores poetas como Chico Buarque, Adalcinda Camarão, Chico Sena, Manuel Bandeira, Dorival Caymmi e tantos outros. Até nos dias de hoje é comum ler opiniões sobre a beleza e o perfil acolhedor da cidade. Do seu ventre nasceram paraenses ilustres, e seu colo já abrigou importantes personalidades como Carlos Gomes que aqui viveu seus últimos dias. É um orgulho nascer em Belém. Dá um prazer enorme satisfazer a curiosidade de pessoas de outros estados e países que querem saber mais sobre a metrópole cravada no coração da selva amazônica. A história de Belém é tão rica, tão profunda, de tantas lutas e tantas festas. É em Belém a maior romaria do mundo, o Círio de Nossa Senhora de Nazaré, quando dois milhões de pessoas de todos os lugares se reúnem e se irmanam na fé cristã. Também aqui aconteceu a Cabanagem, um dos fatos mais marcantes da história do Brasil, entre 1835 e 1840, na qual negros e índios tomaram o poder, depois de se revoltar contra a elite dominante da época. Belém é ainda a referência cultural de todos os estados vizinhos ao Pará, porque suas peculiaridades são muito fortes. Seus monumentos, arquitetura, o estilo barroco único, por causa da presença indígena; sua culinária excêntrica, que reúne os mais antigos e originais pratos brasileiros. Tudo isso está gravado na memória de todos que amam Belém. A chuva forte, os túneis de mangueiras, o Ver-o-Peso, o teatro da Paz, a Baía de Guajará, a Cidade Velha...são lembranças que carregamos onde quer que possamos ir. É por isso que quem se afasta daqui guarda um sentimento triste de saudade da terra natal. Não importam as grandes capitais, o progresso futurista e obcecado por inovações tecnológicas que – é verdade – ainda nos falta. Não importa o que não temos. Importa o nosso amor exagerado por nossas coisas, nossa própria língua, comida e até o nosso tempo que é tão diferente quando se está longe daqui. Em Belém, o tempo sossega, faz a gente meditar. Belém nos deixa feliz.
Nos 395 anos de Belém houve paz na cidade, festa nas ruas e chuva fina. Foi um dia diferente que me fez pensar em qual presente dar à minha cidade, o lugar onde nasci, cresci, vivi talvez os melhores momentos de minha vida; onde assumi o cargo de governador por duas vezes em meio a festas espetaculares. Que presente dar a Belém, se não o meu amor e carinho? Se não o meu cuidado e vigilância com seu patrimônio? A minha fraternidade com meus conterrâneos, ou meu compromisso de propagar sua beleza em cada canto que eu for? Minha querida Belém! Sei que melhores dias virão. Sei que um novo tempo se aproxima e um ciclo de prosperidade está para começar. Afinal, não é à toa que seu nome é Belém, que em hebraico significa “A Casa do Pão”. Portanto, Belém, continuaremos a cantar suas belezas e chorar por seus descaminhos, sem jamais deixar de perseguir o trabalho de fazer aqui o pão de todos nós.
Parabéns, Belém.
JADER BARBALHO
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