domingo, 3 de abril de 2011

LEIA O ARTIGO DO SENADOR JADER BARBAHO

A DISCRIMINAÇÃO GRATUITA

3 de abril de 2011

As declarações de um deputado sobre homossexuais e negros, deixaram perplexa a sociedade brasileira, pelo menos a civilizada e tolerante que deseja, mais que tudo, que a paz reine entre as pessoas.

Já chega. Não é mais possível que tenhamos de assistir a cenas de violência gratuita e odiosa contra homossexuais, como aconteceu na semana passada em São Paulo; ver índios e mendigos serem incendiados por jovens que deveriam estar na escola ou se divertindo saudavelmente com amigos; ver negros serem colocados em situações humilhantes – apenas pela sua cor; ver mulheres e crianças serem espancadas por homens que acham ter o direito de fazer isso.

É inacreditável como a conduta humana – neste novo século – tem regredido. As comunidades científicas anunciam descobertas sobre todo o universo, assim como a cura de males que antes matavam sociedades inteiras. E não se descobre a maneira, o jeito, o remédio para curar a estupidez e a intolerância. É horrível assistir a atos covardes, de alguém que se acha melhor e por isso despeja sua violência verbal ou física contra o outro.

Depois da Segunda Guerra Mundial, a Organização das Nações Unidas proclamou a Declaração dos Direitos Humanos, em 1948, para prevenir e evitar os horrores, as atrocidades cometidas pelo nazismo. No seu primeiro artigo, traz o que deve ser a nova conduta de uma sociedade moderna e pacífica: “todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos”. Diz também que todos devemos agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade. O texto da Declaração é verdadeiro e humanitário e deveria ser ensinado nas escolas. Se o deputado que continua a fazer declarações infelizes houvesse aprendido na escola pelo menos o trecho inicial da Declaração dos Direitos Humanos teria ensinado coisa melhor aos filhos do que a intolerância ou a arrogância. É lamentável.

A melhoria de qualidade de vida de uma sociedade passa pela evolução do seu pensamento. Em 1990, a Organização Mundial de Saúde retirou a homossexualidade da lista de doenças mentais. Em 1991, a Anistia Internacional passou a considerar a discriminação contra homossexuais uma violação aos direitos humanos. Muitos países já legalizaram o casamento entre pessoas do mesmo sexo. O cantor Elton John, que terá a honra de cantar no casamento do Príncipe William, casou com seu parceiro, tiveram um filho por meio de inseminação artificial e vivem suas vidas tranquilamente. A maioria dos cidadãos não viu problema nisso, muito pelo contrário. A humanidade deve seguir em frente.

Quanto à discriminação contra os negros no Brasil, a legislação existe há mais de 20 anos. Os processos se multiplicam na justiça e uma parcela da nossa sociedade ainda continua com o pensamento de mais de cem anos atrás, quando ainda havia escravidão. O que é mais impressionante nesses pensamentos atrasados é que há manifestações de jovens ou de grupos de jovens. Mas, não é só no Brasil, há coisas muito piores no mundo. Os jogadores Neymar e Roberto Carlos foram vítimas, recentemente, na Europa, de torcedores que jogaram ou mostraram bananas no campo de futebol, numa manifestação clara de racismo.

Por causa de fatos como esses, a sociedade moderna criou os direitos civis que são garantidos a todos os cidadãos perante a lei. Quando esses direitos se tornam inadequados ou obsoletos, os movimentos sociais vão às ruas para divulgar, defender e exigir a criação de novas leis de proteção igualitária. Isso acontece em todos os setores da vida humana, inclusive na linguagem. O que hoje é um palavrão, daqui a um século poderá ter outra conotação. Alimentos ou remédios que antes eram tidos como milagrosos podem deixar de ser. A moda e os costumes sociais também seguem essa regra. Assim devem seguir as leis, o comportamento humano e a ordem social.

Não à intolerância, ao racismo e à homofobia. Viva a fraternidade e a justiça.

JADER BARBALHO
ARTIGO PUBLICADO NO DIÁRIO DO PARA DE HOJE.




















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