Porque elas não fazem referência às bandeiras oficiais que representam seus países, como ocorre com a maioria dos uniformes das seleções que disputarão a Copa do Mundo da Alemanha em 2006. As cores têm a ver com outros símbolos nacionais. “As cores dos uniformes não estarem relacionadas à bandeira do país, em determinado aspecto, pode ser positivo, pois desvincula o futebol da velha questão da ‘pátria de chuteiras’, daquela história de vida ou de morte, como se a disputa dos gramados fosse uma verdadeira guerra”, afirma Celso Unzelte, pesquisador do tema e autor de O Livro de Ouro do Futebol. “Ao longo dos tempos, aspectos políticos têm falado mais alto que a própria questão da identificação.”
As camisetas das seleções da Itália e da Holanda, por exemplo, levam as cores das casas reais dos países. O azul da Itália era a cor oficial da Casa de Savóia, que governou a região de 1861 a 1946 – em 13 de junho daquele ano, por plebiscito, foi decidida a adoção da forma republicana de governo. Já o laranja usado pela Holanda em seu uniforme faz referência à cor tida como símbolo da dinastia de Orange, que teve início com Guilherme I de Orange, por volta de 1544, e se estende até hoje – o país é uma monarquia parlamentarista.
Já a Alemanha e o Japão, com suas camisetas branca e azul, respectivamente, utilizam em seus uniformes as cores do brasão de suas federações de futebol. E o verde e o dourado usados pela Austrália fazem referência à acácia, árvore considerada símbolo do país, cujas flores são amarelas. Os tons são uma homenagem às primeiras cores adotadas pelo país como oficiais, em 19 de abril de 1984 – antes disso, o país não possuía cores oficiais.
Houve outros momentos em que os uniformes das seleções não respeitaram as cores de suas bandeiras. Um exemplo é o da Alemanha na Copa de 1938, que trazia uma gigantesca águia com a suástica estampada no peito – símbolos do nazismo. A Itália da época de Mussolini também entrou em campo na Copa de 1934 com camisetas pretas, como as das milícias do ditador fascista.
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