Por falta de leito para internação, uma mulher grávida de gêmeos (dois meninos), com sete meses de gestação, perdeu ontem os filhos após passar horas tentando atendimento na Santa Casa e Hospital das Clínicas. Informado do ocorrido, o governo do Estado agiu rápido, exonerando a presidente da maternidade.
O martírio do casal começou na madrugada de ontem. Por volta das 3h, o auxiliar de cozinha Raimundo Cícero Gomes Farias, 33 anos, saiu às pressas do bairro de Itaiteua, distrito de Outeiro, levando de ônibus sua companheira, Vanessa do Socorro de Castro Santos, de 27 anos, que sentia fortes contratações, à Fundação Santa Casa de Misericórdia, em Belém. Portadora de lúpus (doença autoimune), Vanessa fazia acompanhamento regular por causa da gravidez de risco. Já sabia que o parto poderia ocorrer a partir do sétimo mês.
Uma hora depois, o casal chegou à Santa Casa, onde aumentou o martírio. “Com meus dois filhos prestes a nascer e o porteiro dizendo para procurar outro hospital por falta de leito, fiquei em desespero. Após muitas tentativas frustradas, resolvemos ir de táxi ao hospital mais próximo: o Hospital Gaspar Vianna. Lá, mais uma vez, negaram o atendimento à minha esposa”, disse. Sem ter para onde ir, o casal ficou na calçada por hora e meia. Como o quadro se agravou, o serviço de resgate dos Bombeiros foi acionado e levou Raimundo e Vanessa para a Santa Casa novamente.
Entretanto, a grávida teve novamente o atendimento negado. “Não deixaram que a viatura entrasse na Santa Casa e o soldado ficou cerca de vinte minutos tentando convencer a médica a atendê-la”, afirmou o tenente Piquet, do Corpo de Bombeiros. Segundo o oficial, ao tomar conhecimento que o caso configurava omissão de socorro, o soldado bombeiro Francisco Cesar deu voz de prisão à ginecologista obstetra da Santa Casa, Cinthia Lins.
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