segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

ELEIÇÕES 2022

 Ano eleitoral é sempre repleto de tremendas emoções e em 2022 elas são fortíssimas, tal a trama nos bastidores do serpentário político parauara. Esta é quentíssima e quem conta é o jornalista Hiroshi Bogéa, muito bem informado editor do site que leva seu nome.

Diz que, na semana retrasada, em Redenção, município do Sul do Pará onde proliferam lideranças do agronegócio ligadas ao bolsonarismo, cerca de oitenta fazendeiros locais e de Conceição do Araguaia, Pau D´Arco, Rio Maria, Xinguara, São Félix do Xingu e outros municípios da região combinaram um encontro para discutir estratégias do poderoso grupo. Pois lá estava, rente que nem pão quente, ninguém menos que o senador Zequinha Marinho, auto-declarado candidato ao Governo do Pará, que se anuncia o ungido pelo presidente da República, fiéis evangélicos e eleitorado da direita.

Aí começou uma sequência constrangedora. “O senhor não nos representa e nem ao presidente Bolsonaro, aqui na região. Por isso, sua anunciada candidatura ao governo do Estado não merece nosso apoio e nem terá o apoio de quem apoia Bolsonaro, no Pará”, disse um empresário.

Outro emendou, com requintes de crueldade:

“O senhor até há bem pouco tempo atrás apoiava o Jatene (ex-governador Simão Jatene) e o traiu, e agora se diz bolsonarista. Não, o senhor não tem nosso reconhecimento”.

Desconcertado, Zequinha Marinho balbuciou:

– “Mas eu sou senador do Pará…”

– “Mas não nos representa”, gritou outro, o fel escorrendo nos lábios.

– “Você foi Helder até dias desses e também o traiu; você nunca foi Bolsonaro”, redarguiu mais um, asperamente.

A essa altura a irmã do senador, Evanilza Marinho (ex-diretora geral da Escola de Governo do Pará nos tempos em que Zequinha era unha-e-cutícula com o governador Helder Barbalho, preposta do mano no comando do PSC do Pará e pré-candidata a deputado estadual) não suportou a pressão e caiu no choro.

Na quinta-feira passada, 13, o senador teve que provar prato indigesto em jantar no qual o PL, seu mais novo partido, apresentaria a nova diretoria, em uma churrascaria em Belém. Mário Couto, Delegado Eguchi e o empresário Reinaldo Zucatelli, que assinaram junto com ele a ficha do partido em Brasília, simplesmente não deram as caras.

O senador é uma raposa mas a vaidade cega, e ele não percebeu que a executiva estadual do PL já lhe escapa das mãos e sua candidatura não tem sustentação. O ambiente sugere que muitas peças importantes no xadrez político ainda serão mexidas, com alteração significativa do jogo. No dia 3 de março abrirá a janela partidária e até o emblemático 1º de abril os candidatos ainda poderão mudar de partido. Aí sim o cenário estará desenhado.

E agora, José?

Um comentário:

  1. Zequinha Marinho, o senador que recentemente ingressou no Partido Liberal, depois de debandar do PSC, é uma espécie de Sérgio Moro da direita paraense: ninguém gosta dele e todos duvidam dele, porque todos o consideram um traidor (entre outras coisas).

    A rejeição ao senador embica pra cima (mais do que os estratosféricos índices da ômicron) de tal forma que, se bobearem, Sua Excecelência está correndo o risco de, num dia qualquer, acordar de manhã, mirar-se no espelho e sentenciar, desolado: "Oh, vida: nem eu mesmo gosto de mim".

    Trajetória de rompimentos - Marinho, quando era vice-governador do Pará no governo Jatene, rompeu com o governador porque não foi escolhido para ser o candidato oficial ao governo do Estado, nas eleições de 2018.

    Depois disso, lançou-se ao senado, aliou-se ao MDB de Helder Barbalho, foi eleito e, ora bolas, também rompeu com Helder, que agora usa seu jornal e o de sua família para meter o sarrafo em Marinho, pintado como o emblema da fina-flor do bolsonarismo mais retrógrado (se é que existe algum viés bolsonarista que não o seja).

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